Como se desenvolve a Resiliência? A resposta à esta questão, de como é possível desenvolver o atributo da resiliência é um dos cernes de muitas pesquisas sobre o tema e, aqui reside o objetivo desse artigo.
É importante iniciar com algumas reflexões sobre como cérebro aprende a partir de um processo que envolve as funções cognitivas superiores, tais como a atenção, memória, motivação, emoções e as funções executivas que trabalham em conjunto e permitem o processamento dos estímulos que chegam para o cérebro. E é justamente esse movimento, a partir dos estímulos do ambiente apreendidos pelos órgãos do sentido que permitem a formação da memória de curto e longo prazos, as quais serão fundamentais para consolidar a aprendizagem por meio da repetição, elaboração e consolidação de conhecimentos e habilidades.
Ressalta-se aqui a relação entre o sistema 1 e o sistema 2, conceitos desenvolvidos pelo prof. Dr. Daniel Kahneman servindo como base no modo como se interpreta a realidade individual, ou seja, o significado que determinados pensamentos ou experiências assumem e atuam no desenvolvimento das crenças, definindo sistematicamente o modo como o indivíduo percebe o mundo social, cultural, físico e psicológico formando um sistema de crenças.
Importante apontar que, de acordo com o Dr. George Barbosa, o nível de rigidez do sistema de crenças irá influenciar de maneira determinante a forma como a resiliência irá atuar na adaptabilidade do comportamento das pessoas frente as adversidades, bem como produzirá os efeitos de respostas mais flexíveis e mais ajustadas na solução dos desafios que se interpõe no cotidiano dos indivíduos e comunidades.
Importante lembrar que o sistema 1 funciona automaticamente, enquanto o sistema 2, passa a atuar quando o sistema 1 não encontra respostas que solucionem os problemas, uma vez que sempre trabalha de forma otimizada para preservar a energia no funcionamento cerebral. Partindo do aspecto neurofisiológico, o sistema 1 poderá acionar os vieses, os quais Kahneman conceitua como “falhas no processo de tomada de decisão que muitas vezes passa despercebido”, e o sistema 2 poderá aceitar uma análise equivocada por ignorância, cansaço ou até por preguiça.
Em resumo “o cérebro humano é muito complexo e poderoso, mas é limitado. Os vieses são o resultado da tentativa em simplificar o processamento das informações. Nosso cérebro utiliza atalhos mentais para mais rápido e como menor esforço” (Kahneman, 2011).
Então, pode-se indagar como a neurociência pode contribuir com o desenvolvimento de indivíduos mais resilientes e consequentemente mais felizes, se é possível assim dizer. Nesse tema, abordar a neuroplasticidade sobre a capacidade adaptativa do cérebro as mais variadas situações são fundamentais, uma vez que as mudanças fisiológicas são possíveis graças a neuroplasticidade, pois permitem ao cérebro estabelecer novas conexões e consolidam a aprendizagem de novos conceitos, comportamentos e práticas.
Ressalta-se que o ambiente físico e social determina a atividade dos neurônios, que por sua vez irão organizar o comportamento, a partir de três princípios da reabilitação neuropsicológica, a saber: a restituição, a substituição e a compensação.
Assim, a neuroplasticidade e a resiliência estão interligados pela capacidade da neuroplastia contribuir na formação de novas conexões neurais, bem como na reorganização das já existentes, tornando o cérebro mais adaptável e, consequentemente, produzindo comportamentos mais resilientes, permitindo uma resposta mais rápida e assertivas às situações desafiadoras.
O ambiente físico e social determina a atividade dos neurônios, que por sua vez irão influenciar o comportamento, a partir de três princípios da reabilitação neuropsicológica, a saber: A restituição, a substituição e a compensação.
Ainda existe um longo caminho a percorrer para se consolidar respostas precisas quanto ao desenvolvimento da resiliência no comportamento humano, porém, pode-se afirmar que os ambientes físicos e sociais, irão influenciar a maneira como as pessoas lidam com as constantes incertezas do mundo atual, e o incentivo a busca por novos conhecimentos e experiências podem estimular o desenvolvimento de novas habilidades, para lidar com as adversidades e permitir a promoção contínua do crescimento e desenvolvimento das pessoas.
São Paulo, 29 de Julho de 2024.