O funcionamento do cérebro e os influenciadores do aprendizado

O objetivo deste artigo é explicitar como trazer experiências marcantes nas organizações, tendo por base conhecimentos contemporâneos das neurociências.

Uma das maiores inquietações de educadores e instrutores é garantir a eficácia na aprendizagem, em outras palavras, verificar se de fato houve a aquisição do conhecimento que transforma o comportamento. E, por isso, nos questionamos: de acordo com as neurociências, que elementos necessitam ter um olhar cuidadoso nestes processos?

Atenção, linguagem, memória, percepção, julgamento, vontade, escolhas, sono, alimentação etc. estão todos ligados à estruturação do pensamento nos indivíduos.

A atenção é por onde se inicia os registros de nossa memória. As pessoas direcionam suas percepções conforme seus interesses, desejos e ligam novos conceitos com aquilo que já foi construído internamente.

A linguagem é a faculdade de direcionar as pessoas a prestarem atenção naquilo que lhes é relevante. Daí a importância das neurociências no processo de ensino aprendizagem, para compreender como a linguagem pode atrair a percepção para o que precisa ser aprendido e facilitar a retenção da atenção pelo tempo necessário para que o processo ocorra.

Por outro lado, a emoção possibilita a ancoragem do aprendizado conforme explica Eric Kandel. 

De modo concomitante, a partir de estímulos captados pelos sentidos, o hipocampo registra informações com a finalidade de criar e fixar memórias. Quando um acontecimento é registrado na memória e há emoção estratégica envolvida, esta é mais fácil de ser resgatada posteriormente, pois ao se conectar novamente com algum estímulo relacionado àquela lembrança, transmissores químicos como a acetilcolina, dopamina, endorfina, glutamato, melatonina, noradrenalina ou serotonina, são gerados fortalecendo assim as conexões cerebrais, trazendo à tona memórias relacionadas. 

Estudos de Daniel Kahneman ampliando o entendimento sobre a hipótese de haver um sistema 1 – caracterizado como pensamento automático e emocional, e outro sistema 2 – identificado pelo pensamento lento e racional, confirmam que a mente é capaz de aprender melhor se houver a ativação dos dois sistemas por meio de estímulos, experiências marcantes e repetição. Se pode considerar também, as pesquisas e proposições de Paul Ausubel – autor da proposta pedagógica conhecida como Aprendizagem Significativa, que versam sobre experiências marcantes e duradouras no aprendizado, que propõem um ensino baseado na construção do que o aprendiz já tenha de conhecimento e dessa forma se alcance novas ideias e novo conhecimento.

Por isso se pode concluir que, se torna necessário novas abordagens de ensino com base nas neurociências, a fim de estimular desde a atenção do aprendiz de acordo com seus interesses, até a utilização de metodologias práticas que ativam essas áreas por meio de simulações, atividades lúdicas, jogos, artes, entre outras.

Artigo escrito por Luciana Magalhães Pereira e Maria Edna S. Lima, participantes do grupo de estudos “Neurociências e Resiliência” da ABRH-SP

São Paulo, 27 de Fevereiro de 2023.