Você busca por respostas que confirmam seus pontos de vista ou acredita que a diversidade de vozes produz criatividade e aprendizados? Quando surge aquela ideia ou percepção de que algum processo precisa de ajustes, você fala abertamente para sua equipe ou se sente inseguro? Para compreender essas indagações, mergulhamos nos estudos da professora de Liderança e Gestão na Harvard Business School, Ammy. C Edmondson. Autora do livro “Organização sem medo”, onde ela traz inúmeros casos sobre moldar culturas em que as pessoas psicologicamente seguras cultivam aprendizado, conhecimento e inovação, sobretudo, potencializar a pluralidade de ideias abraçando as divergências de pensamentos.
Ao longo dos últimos vinte anos de estudos da Drª Amy, suas pesquisas indicam que o ambiente o qual as pessoas estão inseridas deve ser seguro psicologicamente para que todos assumam riscos interpessoais, compartilhem ideias e, inclusive, discordem de seus pares quando necessário. Proporcionar ambientes que provocam os colaboradores compartilharem suas dores, opinar diferentemente dos outros com argumentos relevantes e estabelecer relações de confiança, são premissas para promover uma cultura em que a Segurança Psicológica de fato é expressa. Schein, professor universitário na MIT School of Managment e Bennis, professor na University of Southern California, afirmam que a Segurança Psicológica trata fundamentalmente da redução do risco interpessoal, que necessariamente acompanha a incerteza de mudança.
Esse é um desafio que permeia nas relações humanas, pois é comum que as pessoas permaneçam em silêncio com medo de serem rotuladas negativamente. O líder exerce influência sobre a equipe e pode alavancar resultados positivos quando estimula seus liderados para se colocarem vulneráveis, apesar dos estudos da pesquisadora apontar que mesmo os liderados podem ser a voz que encoraja as pessoas expor suas ideias e opiniões. Portanto, o ambiente seguro é a chave para descontruir a cultura do silêncio e fomentar a comunicação entre os colegas de trabalho para fortalecer os vínculos relacionais.
Amy descobriu este conceito “Segurança Psicológica” por acaso ao identificar em uma pesquisa em ambientes hospitalares que aqueles que reportavam mais falhas humanas eram as equipes de mais alto desempenho. Isto intrigou-a e ela descobriu que nos ambientes que pareciam ter menos falhas na verdade as pessoas tinham medo de reportar falhas.
Conversamos com a co-fundadora do Instituto Internacional de Segurança Psicológica, Patrícia Ansarah, para entender como podemos ter uma equipe de alta performance sob a luz da segurança psicológica, e ela nos trouxe questões importantes, como: o segredo é o treinamento diário, conversas diárias e difíceis com respeito, ouvir pontos de vistas diferentes, escuta ativa, colocar para descansar quem precisa, onde todos da equipe sabem fazer a atividade/função de cada profissional, assim na falta de alguém, o time se reorganiza. O nível de positividade também importa. Para elucidar, compartilharemos alguns acontecimentos que traduzem o significado da Segurança Psicológica na prática:
Quando a ginasta Simone Biles desistiu das olimpíadas de Tóquio para priorizar sua saúde mental, essa atitude não fez que prejudicasse o time, pois como a equipe era de alta performance, apenas se reorganizaram e ao final, ganharam em time a medalha de ouro. Vemos isso também em times de futebol, para ganhar é necessário colocar para descansar quem precisa, assumir erros e compartilhar aprendizados, reorganizar, mudar as pessoas de posições, assumir riscos, ter conversas difíceis e energia para encarar os desafios que virão, como também acontece em times corporativos.
Se você tem um ambiente que você pode ser quem você é, suas ideias são bem-vindas, onde pode se colocar vulnerável, sem constrangimento, com pessoas que assumem erros e riscos, se considere feliz, pois você se encontra num ambiente de segurança psicológica.
São Paulo, 22 de Julho de 2024.
