As principais inovações em recrutamento e seleção (R&S) incluem o uso de tecnologias digitais, especialmente após a pandemia que acelerou a digitalização dos processos organizacionais.
Pesquisas mostram que métodos de recrutamento on-line são superiores aos offline em termos de eficiência e custo-efetividade. No caso do e-recrutamento há envolvimento de mídias sociais, como Facebook, Twitter e LinkedIn Recruiter e sites específicos para recrutamento, como GUPY, Catho, APINFO, além de blogs de empregos e vídeos no Youtube para expor depoimento de funcionários e informar a cultura da empresa aos candidatos.
Por outro lado, há crítica sobre o uso de tecnologias em e-recrutamento, como a falta de interação humana durante o processo e falhas em softwares que nem sempre estão adaptados para candidatos deficientes e que podem trazer algum tipo de discriminação. Sendo assim este é o grande desafio da era digital, buscar aproximar a realidade virtual da necessidade e da percepção humana.
As empresas necessitam avaliar e eliminar critérios e testes dos processos digitais que possam enviesar atitudes discriminatórias em relação a grupos minoritários, como mulheres, pessoas com deficiência, trabalhadores com mais de 40 anos ou demais membros de grupos minoritários. O “Center for Democracy & Technology” mostra exemplos: há algoritmos que ignoram candidatos que ficaram anos afastados do mercado de trabalho, sem entender, porém, que isso pode ter ocorrido devido à licença maternidade ou problema de saúde, como um tratamento de câncer. Pessoas que têm deficiência aparente no rosto ou na voz podem ser prejudicadas em processos que se pede para o candidato gravar um vídeo (que analisa pistas faciais e vocais); ou mesmo um candidato mudo será excluído de um teste que exige fala.
Dessa forma, os testes precisam ser fornecidos em um formato acessível, e caso isso não ocorra, as acomodações não devem causar prejuízo ao candidato; também é preciso calibrar os algoritmos para que prezem pela inclusão, diminuindo as desigualdades entre os candidatos.
O RH precisa entender tecnicamente sobre e-recrutamento, tomando cuidado em não tornar o processo demasiadamente eletrônico a ponto de afetar negativamente a interação humana, atentar-se aos controles de privacidade, segurança, confidencialidade e autenticação mas sobretudo não ocasionar discriminação. A empresa e a sociedade são beneficiadas quando o R&S investe em testes que aumentam a percepção de justiça do processo de seleção.
Artigo escrito por Bárbara Lespinasse e Rogério Lima Rodrigues, participantes do Grupo de Estudos “Transformação digital e analytics” da ABRH-SP.
(São Paulo, 01 de maio de 2023)