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GESTÃO: Área de Relações do Trabalho das empresas precisa de valorização e desenvolvimento

O mundo do trabalho mudou. Mesmo que o sistema legal não tenha se modificado no Brasil, as relações de trabalho se organizam dentro de uma realidade muito mais complexa, entre gerações que requerem cada vez mais transparência e capacidade de escuta de ambas as partes. Os sindicatos e sindicalistas perceberam o processo de mudança há muitos anos e têm buscado a permanente formação e atualização nessa área por meio de viagens de intercâmbio, especializações e participação em redes internacionais. O mesmo, porém, parece não ter acontecido de forma contínua com os profissionais de RH e Relações Trabalhistas das empresas.

“Apesar da forte contribuição que a área trabalhista e sindical pode dar no processo de resgate de uma maior produtividade e, por via de consequência, na competitividade das empresas, ela tem ficado adormecida. Pouco investimento de forma estruturada tem sido observado nessa área”, assinala o gerente de Relações Trabalhistas e Sindicais da Braskem, Homero Arandas.

Há também um consenso entre os especialistas sobre a postura mais reativa que propositiva do campo empresarial em relação às negociações trabalhistas. “Grandes lideranças empresariais ainda pensam que as Relações de Trabalho são um universo restrito às negociações salariais e só cuidam disso nas situações de crise. Um grande equívoco: trata-se da oportunidade de alavancar o processo de engajamento de cada um dos seus empregados, elemento diferenciador hoje em dia. Uma empresa de sucesso será aquela que conseguir contratar expectativas que favoreçam mutuamente tanto os seus interesses, como dos seus empregados, pois sem eles as empresas simplesmente não existem”, alerta o especialista em Relações do Trabalho Marcelo Lomelino, sócio da consultoria Nhanderú.

Para o superintendente de Relações do Trabalho da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Magnus Ribas Apostólico, que também dirige a área na ABRH-Nacional, o RH registra um grande desenvolvimento em segmentos como remuneração e benefícios, treinamento e desenvolvimento e recrutamento e seleção, mas costuma tratar as relações trabalhistas como um apêndice. “Outro aspecto a ser considerado é que, à exceção das multinacionais e grandes empresas, as demais organizações não se preocupam tanto com tais questões, porque as negociações coletivas são normalmente feitas pelo sindicato patronal”, explica.

Ciência do Trabalho

Mais uma evidência da constante busca pelo desenvolvimento dos sindicatos e sindicalistas é a graduação em Ciência do Trabalho, lançada pela Escola do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Bacharelado interdisciplinar, com carga horária de 2.400 horas, o curso, que está com as inscrições para o processo seletivo da sua segunda turma abertas até o dia 18 de janeiro, é voltado ao estudo do trabalho a partir da visão do trabalhador.

Segundo o coordenador de Educação do Dieese, Nelson de Chueri Karam, o principal diferencial do curso é a proposta de o aluno se ver como sujeito ativo da produção de conhecimento sobre trabalho. “A Escola também se propõe a produzir um novo conhecimento sobre o tema, tendo o método científico como pilar. Entendemos que a valorização e o reconhecimento do conhecimento que cada um traz são fundamentais para a inserção do aluno no mercado de trabalho, pois incentivam a criatividade e tornam o sujeito ativo para a implementação de mudanças.”

Embora boa parte dos alunos já matriculados seja de dirigentes e assessores sindicais (de diferentes categorias, como bancários, metalúrgicos, comerciários, aeroviários, construção civil, químicos), há no grupo gerentes de banco, membros de organizações sociais, funcionários públicos, profissionais liberais, entre outros.

É o caso do analista econômico-financeiro William R. Antunes, de 46 anos, que está no 1º semestre. Ele, que já tinha o superior completo, se interessou pela proposta inovadora do curso e da instituição Dieese na construção de uma ciência que vê o trabalho do ponto de vista do trabalhador. “O curso é desafiador e envolve o modo de ver, pensar, agir e refletir na construção de um novo campo científico que deverá propor intervenções na sociedade por meio de estudos e embasamentos teóricos e científicos sobre o trabalho.” 

Alternativas

Além do bacharelado do Dieese, existem outras possibilidades de aperfeiçoamento para os profissionais de RH e RT. Apostólico cita os cursos da OIT – Organização Internacional do Trabalho, habitualmente frequentados por sindicalistas, mas que podem, muito bem, ser úteis para os RHs e RTs, e o programa Desenvolvimento de Líderes de RH, lançado recentemente pela ABRH-Nacional. Há ainda o curso de Atualização em Gestão de Relações Trabalhistas, realizado pela Fundação Dom Cabral com seis módulos temáticos com um total de 96 horas de duração.

“Não basta, porém, se inscrever em cursos de Relações Trabalhistas. É preciso que as empresas acompanhem esse movimento e tenham a disposição de arejar seus conceitos acerca desse tema”, pondera Lomelino. “Portanto, é trazer o tema de RT para a mesa principal da empresa, demonstrar sua importância e priorizar um processo de construção de uma nova cultura.”

Na visão de Arandas, os empresários precisam entender que suas entidades de representação devem ter uma atuação mais coordenada, pois há interesses comuns entre os setores da indústria, comércio e serviços; e criar mecanismos de coleta e tratamento de informações consolidadas e atualizadas sobre o segmento empresarial e relações do trabalho e para a formação, qualificação e aperfeiçoamento dos profissionais no campo trabalhista e sindical. 

Para saber mais sobre os cursos, consulte:

ABRH-Nacional: www.novoliderrh.com

Dieese: www.escola.dieese.org.br

Fundação Dom Cabral: www.fdc.org.br

OIT: www.oit.org.br

Página do Estado 09 de Dezembro de 2012

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