A contribuição da CNV para uma Comunicação Consciente
Consciência é o estado no qual nos tornamos nosso foco da atenção: estamos cientes sobre o que se passa dentro de nós mesmos em diversas situações, e percebemos a relação entre esse interno com o ambiente ao redor. Quando falamos desse interno, nos referimos a compreensão das nossas próprias emoções e sentimentos, suas causas e consequências, ou seja, como impactam em nossos comportamentos e nas outras pessoas.
Se esse processo de percepção e autocompreensão estiver presente em nossas conversas e relacionamentos construiremos uma Comunicação Consciente. A abordagem da Comunicação Não Violenta (CNV) pode contribuir muito para isso.
A CNV nos convida a observar o que está dentro de nós. Quando em um diálogo, percebemos nossa irritação, cansaço ou tristeza, por exemplo, é importante parar e compreender o que está acontecendo, nomeando para dar clareza, para nós mesmos e para o outro, sobre o que acontece dentro de nós.
Para CNV não existe sentimento negativo ou positivo; todos são importantes, pois nos mostra algo vivo, que nos mobiliza e que nos protege. Eles são como radares que indicam para a consciência se nossas necessidades estão sendo ou não atendidas: se algo me falta, desencadeia um sentimento que eu julgo desagradável; se algo acontece a sensação que temos é agradável. Nós é quem damos a valência de positivo ou negativo.
Sendo assim, a CNV nos ajuda na autorregulação emocional quando propõe olharmos para como nos sentimos, e quando nos estimula a verbalizar tais sentimentos.
Ao mesmo tempo ajuda nas relações humanas. Quando usamos essa prática de modo consciente na comunicação, verbalizando sobre nossos sentimentos e necessidades, somos capazes de deixar mais claro para as pessoas com as quais nos relacionamos o que realmente importa: o que nós precisamos que aconteça para nos sentirmos bem. E esse é um dos pilares da CNV: a expressão autêntica.
Completando essa autenticidade, a CNV nos torna conscientes de outros aspectos muito importantes para a comunicação: transformar julgamentos em observações conscientes.
O início do processo é quando reconhecemos e neutralizamos julgamentos natos que surgem no dia a dia; ganhando essa percepção, você permite espaço para uma observação mais clara para depois comunicar o que é importante para você.
Quando julgamos, por vezes, criamos barreiras que dificultam a outra parte de compreender o que desejamos, pois na maioria das vezes as palavras vêm carregadas de opiniões, emoções e preconceitos.
Julgamentos são reflexos de nossas próprias experiências e valores, e não fatos concretos.
Dentro da comunicação consciente, podemos reconhecer na nossa fala nossos “achismos” e substituir por observações descritivas; por exemplo, ao invés de falar: “você nunca atende minhas chamadas, não está nem aí para mim”; poderia se expressar da seguinte forma: “notei que não está atendendo meus telefonemas, ter notícias suas me deixa mais segura”.
Quando praticamos dessa forma, nossa comunicação é mais focada em fatos e não em rotular o comportamento do outro.
Outro quesito importante é reconhecer as necessidades do outro, por isso a escuta atenta é fundamental, conhecida como escuta empática.
Sabendo que atitudes e ações se combinam, estarmos cientes delas nos ajudam com o autocuidado. Nomear nossos sentimentos e dialogar com eles, nos fortalece.
Uma pergunta para reflexão: Como você equilibra os sentimentos numa conversa que você sente que está se tornando violento?
Vamos citar alguns sentimentos que surgem quando nossas necessidades não são atendidas dentro de uma conversa, que muitas vezes não são fáceis: angústia, confusão, desapontamento, entre outros. E esses sentimentos vêm porque numa conversa algumas necessidades podem estar sendo negligenciadas: segurança emocional e/ou financeira, apoio, honestidade, pertencimento, respeito, entre outras.
Tomar consciência das questões que nos afligem é o primeiro passo da mudança, criar um lugar para acessar nossos sentimentos de forma saudável, identificando-os para, conscientemente, diminuir o tempo que sentimos coisas desagradáveis, aumentando o tempo dos sentimentos agradáveis.
Referências:
https://www.significados.com.br/consciencia/
https://movimentosaberlidar.org.br/conscienciaemocional/
Martino, Marina de. Introdução à Comunicação Não Violenta.
https://amenteemaravilhosa.com.br/tomar-consciencia-curar-mudar/
Artigo escrito por Roberta Moura, participante do Grupo de Estudos "Comunicação Consciente" da ABRH-SP.
(São Paulo, 12 de Fevereiro de 2024)