Como liderar em tempos de crise
Manter a equipe motivada e engajada é essencial em todos os momentos, mas principalmente em tempos difíceis. Para isso, é preciso ter clareza nos objetivos que queremos atingir e como nós vamos chegar até eles. O líder deve apoiar a equipe: estar junto, ser acessível e celebrar resultados entregues. Estabelecer uma comunicação informal pode aproximar pessoas de hierarquias diferentes e isso é possível através da empatia.
Em uma situação complexa, você tem que estar próximo do seu time como nunca esteve. Criar confiança e não se limitar a temas do trabalho – você tem que entender a sua equipe como seres humanos. “E o que isso significa, Pedro?” Significa conhecer como é a vida do seu colaborador, como está a saúde mental e física dele. Saber os nomes dos filhos, do marido ou esposa. Ele tem cachorro? Esta proximidade é um canal que gera empatia e conexão. Mas, calma lá! O gestor não pode se tornar invasivo – é preciso muita inteligência para não cruzar esta linha tênue.
Tempos difíceis, muitas vezes, significam demissões. Nesse sentido, o Recursos Humanos tem uma grande responsabilidade. Uma das maiores contas de custo em um negócio é com pessoal. E, nesse caso, a comunicação deve ser sempre muito direta e transparente: explicar os motivos dos desligamentos (redução de custos, mudança de planos etc.) é o ponto mais complicado de uma mudança desse tipo. Mesmo em meio a uma crise, o ideal é oferecer, aos que saem, condições confortáveis de sobrevivência – além das garantidas por lei. Tratá-los com respeito e carinho, sempre, mas uma das melhores medidas é manter os benefícios de saúde por mais seis meses. É importante lembrar que a pessoa que está sendo desligada também leva o nome do lugar onde trabalhou e a forma como este ciclo vai se fechar pode definir o que ela vai contar, quando não fizer mais parte do time. Além da reputação, estamos falando de circunstâncias que impactam, também, os colaboradores que ficam e, mais do que nunca, precisam continuar acreditando no propósito e nos valores da companhia. Tratar com respeito e falar a verdade de forma clara é o melhor caminho – nem sempre é possível comunicar tudo, 100% dos detalhes, mas expressar, com clareza, o que pode ser falado.
Outro desafio do RH e dos líderes é manter a eficiência máxima, com o menor impacto possível. Esse equilíbrio precisa existir: reduzir custos e aumentar a produtividade. Para isso, os gestores devem formar, com a equipe, o caminho a ser seguido – é assim que surge a sensação de pertencer à solução. Ou seja, quando seu time sentir que faz parte da solução, ele estará integrado e dará o máximo de si.
Momentos de crise são críticos para todos: empresas, acionistas, trabalhadores, fornecedores etc. Mas com um processo de gestão bem conduzido, onde a comunicação é clara e a empatia é regra, é possível atravessá-lo e torná-lo impulso para o crescimento.
PEDRO JANOT:
Com mais de 40 anos de experiência, sendo 30 como CEO de grandes empresas, Pedro Janot tem passagens pela Mesbla, Lojas Americanas, Richards, Zara e Grupo Pão de Açúcar. Foi o primeiro presidente da Azul Linhas Aéreas, onde ficou até 2012, em razão de um acidente, no ano anterior, que o deixou sem os movimentos das pernas e braços. Desde então, repassa seu conhecimento sobre gestão, liderança e inovação em palestras, mentorias e, recentemente, lançou o curso on-line “Método Pedro Janot”; conduz a consultoria Contravento e é sócio e conselheiro do Grupo Solum.
Autor de três livros, sendo o mais recente Focado em Pessoas, Pedro Janot é formado em administração de empresas pela Universidade Cândido Mendes, tem pós-graduação pela PUC-RJ e MBA pelo Ibmec.
Escrito por Pedro Janot.
São Paulo, 15 de Maio de 2023.