Vários autores já criaram uma série de qualificativos para a liderança: Servidora, Compartilhada, Sustentável, Situacional… Eu queria lembrar uma característica fundamental que é seu caráter humano.
Muitos líderes, por terem um contínuo sucesso, acabam por se considerar “divinos” e passam a ter alguns comportamentos e atitudes peculiares. Destaco os três mais graves:
- O líder divino é infalível! Não erra nunca. Os outros é que estão errados.
- O líder divino é imortal! Age como se tivesse garantida a sua vida eterna e em geral demonstra isso não cuidando ou menosprezando os cuidados com a saúde física ou mental.
- O terceiro comportamento é o da onipresença. O líder divino julga ser possível estar em mais de um lugar ao mesmo tempo e faz isso acumulando cargos ou funções de tal forma a ocupar todos os espaços disponíveis.
Em geral, esse líder divino só volta à sua condição humana quando leva um susto em relação à sua saúde. Um mal súbito, um AVC, um enfarte! E, mesmo assim, esse processo de voltar a ser humano é difícil e doloroso. Passa por momentos difíceis de ter que reconhecer seus erros, pedir desculpas e perdão.
Nada disso teria acontecido se o líder não perdesse sua condição humana, que significa encarar os próprios erros; admitir a natural mortalidade e fazer o esforço para cuidar de sua saúde e estimular todos à sua volta a fazer o mesmo; e entender que Deus o criou à imagem e semelhança… só semelhança.
O líder humano sabe ouvir, se emociona, pensa sempre com equidade sobre seus liderados e respeita a todos, independentemente de sua posição hierárquica ou social.
O líder humano erra, aprende com seus erros, ele (ela) ensina sempre que pode e sabe elogiar com legitimidade.
O líder humano sabe enxergar o outro, também como humano, e, por isso, é íntegro e respeitador.
Fonte: O Estado de São Paulo, 8 de Junho de 2017