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Os desafios da diversidade e inclusão nas organizações

Este artigo pretende apresentar um resumo dos encontros do Grupo de Estudos Diversidade & Inclusão da ABRH-SP em 2020. Quisemos fazer conjeturas às ideias de como a gestão de pessoas nas empresas está sendo desafiada a compor um quadro cada vez mais diversificado, com base nas visões e diferenças individuais, com o objetivo de sermos uma sociedade mais justa, completa e solidária. Os desafios foram pautados em identificarmos e desenvolvermos competências pertinentes a uma liderança de cuidados específicos, disposta a refletir sobre as novas maneiras de lidar com a diversidade em seus vários campos.

Discutimos qual a nossa participação na área de estratégia de Recursos Humanos, para melhor proveito do capital humano e sua diversidade.

Ao analisar alguns números de pessoas que ocupam cargos de liderança na perspectiva de raça e etnia, gênero, gerações e pessoas com deficiência, percebe-se que há muito a fazer para que esse cenário seja modificado. Um dos possíveis caminhos é estabelecer políticas públicas que auxiliem no processo de inclusão. Porém, o que ocorre na prática é que há uma dependência muito maior de que as organizações tenham uma responsabilidade social mais sólida, que propicie que a diversidade permeie todos os níveis da empresa para que haja uma inclusão genuína.

Uma das formas de incluirmos todas as pessoas é rompermos principalmente a barreira atitudinal, que deverá ser superada com o conhecimento e a convivência, especificamente quando se trata da pessoa com deficiência. Temos menos de 1% das pessoas com deficiência ocupando empregos formais e, ainda assim, ocupando cargos de baixa complexidade, sendo que 79% da contratação ocorre por pressão da Lei de Cotas. Muitos líderes e, inclusive, o RH ainda precisam reconhecer alguns vieses inconscientes presentes desde o momento da contratação até as oportunidades para ascensão de carreira dessas pessoas, a fim de mudar esse cenário com inúmeras barreiras a serem ultrapassadas.

O início da pandemia escancarou as diferenças no impacto do modo como crises como essa afetam trabalhadores homens e mulheres, e ainda entre mulheres e mulheres negras e de outras etnias não brancas. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), a crise causada pelo coronavírus é mais dramática para as mulheres.

Nos Estados Unidos, o desemprego entre mulheres já é maior do que em 1948. De acordo com dados do Departamento de Trabalho americano, o desemprego no país disparou 10 pontos percentuais em 30 dias, e o índice entre as mulheres chegou a dois dígitos pela primeira vez desde 1948. Especialistas explicaram que parte desse impacto aconteceu porque as mulheres ocupam postos da linha de frente dos setores mais afetados pela pandemia, como lazer, turismo, educação e saúde, e ressaltaram que os números já bastante alarmantes ainda tendem a piorar para as trabalhadoras.

No Brasil, a situação não é muito diferente. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em setembro de 2020, as mulheres foram mais atingidas que os homens quando o assunto é desemprego. Os dados mostram que a taxa de desocupação entre os homens foi de 11,7% em agosto, a de mulheres foi de 16,2%, recorde desde maio. Em três meses, 1,5 milhão de mulheres entrou na fila do desemprego.

A questão racial agrava ainda mais a situação no Brasil. As mulheres negras, que representam 28% dos brasileiros, estão 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para as negras em companhias nacionais e multinacionais, o medo de perder o emprego aflige 76,5% das entrevistadas, seguido por 13,2% do receio de ficar doente e não poder trabalhar. O temor faz também com que 40% sintam a necessidade de apoio psicológico. Os números mostram que, apesar de todos estarem sujeitos à contaminação do novo coronavírus, a pandemia não atinge as pessoas da mesma forma.

Não há como falar em diversidade e inclusão sem falar de desigualdades sociais. Nesse momento de pandemia, estas desigualdades sociais têm ficado em evidência e estão prejudicando a educação e o trabalho. Qual tem sido o olhar das organizações para a inclusão, desde a questão do home office repentino, alteração dos processos de seleção e outros subsistemas de RH, metas nesta área e até aumento do grau de pertencimento de seus colaboradores e suas diversidades?

O fato é que chegou o momento em que as empresas não podem mais se omitir diante da desigualdade social e as que agirem com indiferença ficarão para trás. Acreditamos que este é o cenário ideal para que os RHs influenciem o despertar da consciência e da humanização através do desenvolvimento e educação das lideranças, para um olhar mais acolhedor para todos.

Desde o início do grupo surgiu a ideia da realização de uma pesquisa junto aos RHs para constatar algumas questões que apareceram durante os estudos (clique aqui para visualizar). Foram entrevistadas 100 empresas para a realização dessa pesquisa, sendo que 28% dos respondentes afirmaram que há falta de conscientização da liderança com relação ao tema; para 27% falta a liderança trabalhar seus próprios vieses inconscientes; para 20% há falta de visão no sentido de apenas cumprir cotas; para 13% falta de análise e aprofundamento das competências de diversidade e inclusão; e para 12% falta de uma cultura das organizações alinhada à diversidade.

Dos entrevistados, 79% responderam que diversidade e inclusão ainda não fazem parte do planejamento estratégico da organização, talvez porque esse assunto fique como mais uma pauta para o RH dar conta, como 66% dos respondentes demonstraram na pesquisa.

Enquanto o assunto Diversidade e Inclusão for responsabilidade do RH avançaremos muito pouco. Os CEOs, VPs e toda a liderança devem estar envolvidos e ser responsáveis. O RH deve ser o facilitador de todo esse processo. Na nossa visão, a partir dessa mudança estrutural top down é que começaremos a perceber mudanças significativas desse cenário nas empresas.

 

Artigo escrito pelos integrantes do Grupo de Estudos Inclusão da Diversidade, de São Paulo

São Paulo, 08 de Março de 2021

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