Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Talk do LIFE debateu o papel das políticas públicas e das empresas na equidade de gênero

A Dimensão Sociedade esteve em foco no talk de encerramento do LIFE – Liderança Feminina em Movimento em 2020. Realizado na última quarta, o evento online debateu como as políticas públicas, empresas e lideranças podem auxiliar para a tão desejada equidade de gênero.

Participaram como palestrantes Célia Parnes, secretária estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo; Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil; e Sofia Esteves, fundadora e presidente do Conselho do Grupo Cia de Talentos – as duas últimas, respectivamente, segundo e terceiro lugar no ranking Top Influencers 2020 do LinkedIn recentemente divulgado. Daniel Motta, CEO da BMI e White Fox, foi o moderador.

Vale lembrar que o LIFE é uma iniciativa promovida pela ABRH-SP com o apoio da ONU Mulheres e da BMI – Blue Management Institute, com o patrocínio Ouro do Santander.

A seguir, os principais momentos do debate, que, em breve, estará disponível na plataforma www.life.org.br. Confira:

 

Políticas públicas

“Não entendo que a gente consiga pensar em políticas públicas em todas as esferas federativas da mesma forma. O federal tem uma postura, cada estado a sua e na esfera municipal, que é a mais próxima do cidadão, também diferentes posturas, porque são muitos gestores. Na verdade, o Brasil não fala a mesma língua em termos de equidade de gênero. Isso muitas vezes causa um retrocesso. Falando um pouco do nosso estado e de como temos conduzido essas questões, são as mulheres que acessam majoritariamente as políticas públicas – a grande maioria que busca apoio e ajuda do setor público. Especificamente na secretaria de Desenvolvimento Social, onde a gente lida com a parcela mais vulnerável da sociedade, a pobreza é majoritariamente feminina, infantil e negra, e as mulheres são as grandes protagonistas na ação social e na assistência social, que é majoritariamente feminina também. Essa predominância não é positiva. As mulheres também são líderes das famílias monoparentais e a grande maioria das cadastradas em famílias de extrema pobreza. Infelizmente, a mulher lidera na faixa mais frágil e mais vulnerável das nossas estatísticas. Está mais do que na hora de ela mostrar essa mesma força nas empresas, no governo, nas posições políticas e de influência.” – Célia Parnes

 

Mulheres na política

“Diversidade nas empresas não é mais uma questão de ser boazinha ou ter propósito, é sobrevivência. O consumidor mudou. Ele hoje exige das empresas uma postura mais diversa. E elas têm um papel fundamental na mudança de paradigma. Quando o Magazine Luiza assumiu que em briga de marido e mulher iria meter a colher, abriu uma perspectiva muito grande para as empresas. Quando a organização assume o que quer publicamente, ela ajuda a quebrar paradigmas. E sempre quebra de paradigma vai ter quem é a favor ou contra. Entretanto, aprendi muito cedo que política pública é o que muda para valer. Concordo com a Célia que cada estado tem uma, cada prefeitura tem uma, mas acho que precisamos ter políticas públicas federativas. Sou totalmente a favor de cotas, que são um processo transitório para acertar uma desigualdade. Se a gente não tiver cotas vai demorar muito tempo. Agora, precisa por mulher na política. Hoje nós temos cotas só para candidatas, a gente não tem cota para assembleia, igual a outros países. É esse o nosso grande trabalho para 2022, porque deputados estaduais, federais e senadores, em um país democrático como o nosso, definem o destino.” – Luiza Helena

 

Papéis fundamentais

“Ao olhar para as organizações, vejo dois papéis fundamentais. O primeiro, que já é o mais tratado, é essa agenda de falar de mulheres nas organizações, que começou há seis, sete anos. Portanto, ainda não deu tempo de ter um impacto maior, embora a gente tenha caminhado muito mais rápido do que antes. É a preparação e a sensibilização da alta liderança, de gerentes e coordenadores para ter e abrir espaço para as mulheres se posicionarem, falarem, participarem e serem avaliadas com a mesma condição dos homens para serem promovidas. O outro papel, tão importante quanto, é a sensibilização das próprias mulheres sobre o seu poder, sobre o fato de que elas são merecedoras de se sentar à mesa de diretoria ou presidência. Nesses anos todos, participando de muitos fóruns de capacitação feminina, é natural ouvir falas como “não fui promovida por ter engravidado”, mas questiono: você entregou o resultado? Tem se posicionado em uma reunião ou permanece calada porque acha que não tem espaço? Quando você levanta a mão e não escutam, encontra uma maneira de ser escutada ou se retira porque se sentiu discriminada? Esse empoderamento da mulher é muito importante. Nós somos a maior parte da população. Será que nós, mulheres, estamos valorizando e votando em mulheres? Talvez a gente tenha um viés inconsciente de quem está mais preparado para a política são os homens. É importante essa conscientização das mulheres não só de preparar os homens para darem esse espaço, mas de empoderar a própria mulher com ferramentas e reflexões de que esse é o papel dela. Às vezes, a gente tem de sair do papel de vítima para o de protagonista.” – Sofia Esteves

 

Responsabilidades

“É inacreditável que a gente ainda esteja falando de equidade de gênero em 2020. Precisamos imprimir velocidade para que isso seja uma conversa breve. Não faz mais sentido ter de colocar energia para a equidade de gênero, mas vamos colocar essa energia até que necessário seja para podermos abordar outros temas e rapidamente ter um mundo mais equânime em questões de gênero. Nós, mulheres, somos 50% da população, mas somos mães dos outros 50%. Se, por um lado, buscamos um posicionamento diferente, nem sempre educamos os filhos dessa forma. Temos de olhar duas frentes: nós como mulheres não vitimizadas e como mães e educadoras para criar homens com posturas e olhares diferentes, não replicar modelos históricos. Também há um corresponsabilização do público masculino quando a gente fala das questões de equidade, porque eles também são pais dessas meninas e querem ver suas filhas autônomas, não vítimas de nenhum tipo de opressão, que tenham um bom salário para manter suas famílias caso virem líderes de famílias monoparentais.” – Célia Parnes

 

Recortes dentro dos gêneros

“Quanto aos outros segmentos e recortes dentro de cada um dos gêneros, é mais ou menos uma réplica dessa mesma questão. A própria sigla LGBTQI+ já mostra o quanto será necessário caminhar ainda. Era para avançar muito mais, porque a sociedade contemporânea está mudando todos os dias e todos os minutos. Basta você conversar com os jovens e observar o quanto eles conseguem se particularizar dentro de grupos e nichos. Discutir equidade de gênero em empresas e políticas públicas é quase anacrônico. Há muitas outras questões contemporâneas que os jovens estão vivendo e estão precisando dessa inserção.” – Célia Parnes

 

“Os jovens não entendem esse tipo de discussão que a gente está fazendo, porque eles convivem não só entre meninos e meninas, mas com todos os tipos de gênero e raça de uma forma muito mais aberta. Talvez estejamos fazendo, sim, com essas novas gerações um trabalho de formação melhor, mas ainda há muito para caminhar. Temos problemas tão mais profundos, pena que estejamos demorando tanto para resolver. Essa intersecção tem de ser constante, todos os dias para juntos trabalharmos algumas causas bem específicas, além de quebrarmos a questão dos vieses inconscientes.” – Sofia Esteves

 

Hora da transformação

“Precisamos sair da fase de sensibilização para a fase da transformação. E é a sociedade civil que tem de assumir isso. É necessário fazer a transformação em relação à desigualdade social, de acordo com os quatro pilares – escola, saúde, emprego e habitação – e em relação à igualdade de gênero, com metas claras para os próximos cinco, seis anos. Temos que ir para a fase de transformar. Em uma democracia, vai ter gente do contra, mas o importante é que a maioria seja a favor para conseguir emplacar políticas públicas que transformem o país. Não dá mais para continuar batendo na mesma tecla. Meu convite é para a sociedade civil entrar em grupos fortes, que tenham como objetivo o Brasil. Quem vota e paga impostos somos nós. Precisamos ser protagonistas e ter metas claras. As grandes transformações nasceram da sociedade civil organizada. Não vai ter um salvador da pátria.” – Luiza Helena

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (23 de Novembro de 2020) 

QUER OBTER CONTEÚDO DE QUALIDADE COM INFORMAÇÃO ATUAL?

WhatsApp Precisa de Ajuda? Fale Conosco!