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Produzir mais para quê?

Falar de produtividade em plena recessão pode suscitar essa pergunta. Então por que se preocupar com isso agora?

“ Precisamos nos preparar em qualquer cenário. O Brasil tem um problema que começa na educação, desde a escola. Não somos educados para o mundo do trabalho. O foco do ensino é no vestibular e só uma pequena parcela consegue chegar na faculdade”, alerta Renato da Fonseca, PhD em Economia, Gerente-executivo de Pesquisa e Competitidade da CNI.

Segundo dados do Instituto Data Popular, nem metade dos 40,8 milhões de pessoas que já completaram o ensino médio no país pretende ingressar no ensino superior. Entre os que têm esse objetivo, só 37% planeja iniciar no ano que vem.

“Esse problema chega à gestão das empresas, das grandes às pequenas. É preciso ter pessoal preparado para saber o que poderia ser feito melhor. Quando um consultor é chamado deixa orientações. O gestor pensa: deu certo até agora para que mudar? O funcionário, por sua vez, não foi envolvido no projeto, também não adere. É preciso envolver o chão de fábrica nas mudanças. Muitas inovações que melhoram a produtividade vêm dessa troca”, explica Renato que cita o programa Indústria + Produtiva como exemplo. “ Saber aplicar o método de produção enxuta ( Lean Manufacturing ) é pré-requisito, mas são poucos os gestores capacitados. No entanto, essas mudanças podem trazer ganhos com diminuição expressiva de tempo de produção, melhoria da qualidade final do produto e aumentos que, nos cases do programa, chegaram a 40% mais na produtividade.” Em uma das fábricas que aderiram, o valor investido no programa retornou 97 vezes em um ano.

Outro entrave para o qual o setor é sensível, segundo ele, é a legislação trabalhista: “ela não incentiva a meritocracia. Tanto faz se eu trabalho mais que outro par. Recompensar o trabalhador que tem uma produtividade melhor não está previsto na lei. Não há essa flexibilidade. Se um trabalhador que tem o mesmo tempo de casa e exerce a mesma função do que outro, tem que receber a mesma quantia. As empresas que tentaram adotar o diferencial por produção, se viram depois diante da justiça tendo que igualar os pagamentos.  Com o tempo o trabalhador que rende mais se pergunta: por que tenho que carregar o outro nas costas? E isso nivela por baixo”. Ele conclui: “ Quando se fala em legislação trabalhista a maioria acha que se trata de perdas de benefícios do trabalhador e o que estamos falando aqui são ganhos, ou seja, reconhecimento que não vem não porque não veem valor, mas porque não existe brecha. Essa possibilidade aberta teríamos um crescimento na produtividade, com certeza.”

( Texto publicado pela Folha de Alphaville, na página da ABRH-SP, 17 de junho/ 2016)

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