Aumento das tarifas norte-americanas impacta a área de Gestão de Pessoas nas organizações brasileiras

A recente decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais às exportações brasileiras pode trazer sérias repercussões às empresas brasileiras que dependem daquele mercado. Os impactos econômicos do “tarifaço” vêm acompanhados de vários efeitos potenciais, como o aumento do desemprego e a ampliação do volume de reclamações trabalhistas. Diante do cenário desafiador, a área de Gestão de Pessoas assume um papel estratégico nas organizações, na visão de Carlos Silva, coordenador do CORHALE (Comitê RH de Apoio Legislativo) da ABRH.

Levantamento do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) elenca os setores mais afetados pelas tarifas de exportação. Petróleo bruto, semiacabados de ferro e aço, aeronaves e peças de aviação, celulose, madeira e móveis, café em grão, suco de laranja e carne bovina encabeçam a lista.

Como efeitos imediatos, o instituto destaca a possibilidade de aumento do custo dos produtos exportados, o que tende a reduzir a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional.

“O cenário, de fato, é preocupante e também requer atenção redobrada da área de Gestão de Pessoas”, afirma Carlos Silva, do CORHALE. Para o advogado, a perda de competitividade e a eventual retração de pedidos podem resultar em cortes de postos de trabalho. “A diminuição da receita das empresas, ou margens menores, poderá levar à reestruturação de quadros funcionais, com impactos diretos sobre a empregabilidade, afetando a estabilidade econômica de milhares de famílias.”

Como consequência, o coordenador do CORHALE não descarta que o “tarifaço” poderá gerar ainda um ambiente de maior instabilidade trabalhista, com eventuais rescisões repentinas, atrasos em pagamentos, reduções da jornada e reflexos nos salários. “Trabalhadores demitidos ou submetidos a mudanças abruptas em suas condições contratuais podem recorrer mais intensamente à Justiça do Trabalho, levando a um crescimento no número de reclamações”, pontua.

Os impactos econômicos e sociais reforçam o papel central da área de Recursos Humanos e exigem atuação efetiva dos gestores.

“É fundamental que haja por parte das lideranças da área acompanhamento e monitoramento constantes sobre as medidas governamentais de socorro que possam amenizar os efeitos das tarifas majoradas”, diz Silva. “Assim, os gestores devem entender a aplicabilidade e propósitos da Medida Provisória nº 1.309, de 13 de agosto de 2025, e juntamente com demais órgãos da organização conferir e avaliar se as medidas ali contidas, como incentivos fiscais, programas de crédito ou subsídios são aplicáveis à empresa.”

Carlos Silva também destaca a importância de estimular as áreas competentes da empresa na busca por novos mercados, diversificando a pauta exportadora e reduzindo a dependência de um único parceiro comercial. Programas de incentivo e prêmios, com base nos efetivos resultados, segundo ele, podem ser elaborados.

O coordenador do CORHALE considera a relevância do apoio a iniciativas de melhoria da qualidade dos produtos, tornando-os mais competitivos e menos vulneráveis a barreiras comerciais através de programas de capacitação de Recursos Humanos.

Outro ponto de destaque, segundo o advogado, é a contribuição para a ampliação de produtos e serviços oferecidos tanto ao mercado interno quanto externo, criando novas frentes de receita. Programas de sugestões de ideias, grupos de estudos, ações de benchmarking, segundo Silva, são algumas ações muito eficazes.

“Diante de tudo o que estamos vivenciando no momento, é possível concluir que a imposição do ‘tarifaço’ pelos Estados Unidos exige respostas rápidas e estratégicas das organizações e do governo brasileiro”, afirma.

De acordo com Carlos Silva, cabe às empresas investir em inovação, qualidade e diversificação de mercados “para mitigar os impactos sobre o emprego, preservar a competitividade e assegurar um ambiente organizacional estável”.

Por fim, o coordenador do CORHALE destaca na atuação governamental a ampliação das fontes de financiamento para a modernização do parque industrial e de serviços. “É fundamental ainda que os governantes se dispam de preconceitos e ideologias para coordenar, soberanamente, em nome do povo brasileiro, ações especializadas de negociações com o governo norte-americano, de forma que tudo isso passe muito mais rapidamente”, conclui.

Fonte: Assessoria de Comunicação da ABRH-SP (15,setembro de 2025)