A transformação do mundo corporativo é inegável, com mudanças tecnológicas e sociais moldando continuamente os ambientes de trabalho. No centro dessa evolução, está a aprendizagem corporativa, agora amplificada pelas possibilidades da Inteligência Artificial (IA). Futuristas de diferentes indústrias têm reforçado que o sucesso organizacional dependerá da capacidade de empresas e profissionais em adaptar-se a novos modelos de treinamento e desenvolvimento.
Conforme apontado por Amy Webb, no SXSW 2024, “vivemos em um superciclo econômico e tecnológico”, onde tecnologias como IA generativa, realidade aumentada e plataformas cognitivas redefinem o que significa aprender e trabalhar. No campo da aprendizagem corporativa, essas tecnologias têm o potencial de personalizar experiências, otimizando estratégias de upskilling e reskilling.
A Era da Personalização no Aprendizado
O aprendizado baseado em IA permite ir além do treinamento genérico. A personalização, tema recorrente em discussões de inovação, já se manifesta em ferramentas capazes de mapear competências específicas de cada colaborador. Em sua dissertação de mestrado, Fernanda Burin explora como as tecnologias podem promover “uma relação mais próxima entre desenvolvimento humano e desempenho organizacional, transformando os programas de treinamento em processos adaptáveis e contínuos” (Burin, 2020, p. 78). Esse alinhamento é essencial para construir uma força de trabalho resiliente.
Um exemplo de aplicação prática vem de sistemas de IA generativa, que analisam grandes volumes de dados para propor jornadas de aprendizado individualizadas. Assim, profissionais podem avançar em suas áreas de especialização (upskilling) ou preparar-se para transições de carreira (reskilling). Essa abordagem também contribui para retenção de talentos, ao alinhar objetivos individuais e organizacionais.
O Papel Estratégico do RH na Era da IA
Os profissionais de Recursos Humanos têm um papel crucial na adoção de IA, tanto na gestão de talentos quanto no desenho de estratégias que utilizem tecnologias de maneira ética e eficaz. Amy Gallo, da Harvard Business Review, destaca que “o reskilling na era da IA requer mais do que novos treinamentos – é necessário transformar as estruturas organizacionais e a cultura empresarial para fomentar aprendizado contínuo.”
Essa transformação passa pela criação de plataformas e regras que incentivem o aprendizado como um pilar da estratégia de negócios. No contexto do SXSW 2024, discutiu-se a relevância de “copilotos de IA”, que auxiliam colaboradores em tempo real, promovendo produtividade e inovação. Tais ferramentas devem ser vistas não como substitutas, mas como parceiras no processo de desenvolvimento.
Tendências Futuras e Reflexões
As tendências apontam para uma aprendizagem mais colaborativa, digital e integrada aos fluxos de trabalho. Tecnologias como a web3 e realidades aumentadas possibilitarão experiências imersivas, que promovem engajamento e criatividade. Contudo, desafios permanecem: como equilibrar a automação com o lado humano da gestão? Como garantir que o avanço tecnológico não amplie desigualdades no acesso ao aprendizado?
Ao incorporar IA e novas abordagens tecnológicas, o RH deve assumir um papel de liderança. Estratégias bem-sucedidas incluirão tanto a aplicação de ferramentas avançadas quanto o fortalecimento de competências humanas, como pensamento crítico e criatividade. Assim, as organizações estarão melhor preparadas para enfrentar as incertezas de um mundo em constante mudança.
Conclusão
A integração de IA e tendências emergentes na aprendizagem corporativa exige mais do que a simples adoção de tecnologias. Requer visão estratégica, alinhamento cultural e um compromisso contínuo com o desenvolvimento humano. Para os profissionais de RH, este é o momento de assumir a vanguarda, liderando transformações que impactarão não apenas suas organizações, mas a sociedade como um todo.
Autora: Fernanda Burin (Participante do Grupo de Estudos – Educação Corporativa)
São Paulo, 09 de dezembro de 2024
