O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei nº 11.133/2005 e celebrado em 21 de setembro, traz reflexões permanentes sobre a importância da promoção de relações mais saudáveis e integradoras no ambiente de trabalho, onde a diversidade, segundo a ABRH-SP, deve ser celebrada, e não motivo de exclusão.
Com a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), os debates e ações sobre a saúde social vêm ganhando amplitude. A regra que marca um novo paradigma no ambiente de trabalho exige a implementação do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), instrumentos que passam a integrar a rotina das empresas de forma sistemática. Na avaliação de Carolina Ignarra, CEO e fundadora da Talento Incluir, a avaliação de riscos, nos quais se incluem situações como falta de acessibilidade, ausência de suporte, isolamento de profissionais com deficiência ou invisibilização de suas competências, é um benefício à inclusão. “Essas situações não podem mais ser tratadas apenas como questões culturais, mas como riscos à integridade psicossocial dos colaboradores”, afirma.
A pesquisa “Radar da Inclusão: Mapeando a empregabilidade de pessoas com deficiência” traz dados importantes sobre neurodivergentes e PCDs no ambiente corporativo. Entre os participantes da pesquisa, 84% já tiveram sua saúde mental e emocional impactada por situações de capacitismo. No entanto, apenas 35% relataram o episódio à empresa. Os que fizeram, 4 em cada 10 funcionários, afirmaram não se sentir respeitados ou acolhidos. Os motivos para que 65% não informassem a empresa incluem o medo de demissão ou retaliação (38%) e a convicção de que os resultados seriam nulos (29%).
Entre os relatos mais contundentes do levantamento, 62% dizem ter sofrido preconceito, discriminação ou capacitismo por parte de colegas de equipe. As microagressões proferidas pelos pares, mesmo sem intenção, destaca Carolina Ignarra, oprimem e causam sofrimentos às pessoas com deficiência. Mais que isso, fortalecem os estereótipos capacitistas em diferentes formas: desde uma suposta “preocupação” em poupar uma pessoa com deficiência de uma tarefa até a ideia de que sua presença se limita ao cumprimento de uma cota.
Para a fundadora da Talento Incluir, o capacitismo “com aparência de proteção e cuidado” é a principal barreira na carreira da pessoa com deficiência, com potencial para atingir a autoestima e inibir oportunidades de promoção na empresa. Como consequência, há o adoecimento mental, que muitas vezes resulta em queda de produtividade, absenteísmo e mesmo abandono de emprego.
Para atender à NR-1, segundo Carolina Ignarra, as empresas precisam ir além da diversidade por conveniência, comprovando por meio de indicadores e ações que o ambiente de trabalho está estruturado para acolher, desenvolver e preservar a saúde integral de todos os colaboradores. Isso inclui capacitação de lideranças, avaliação constante dos fatores psicossociais, revisão de metas e adaptação de funções com base na realidade de cada profissional. Mais que nunca, os investimentos na cultura de inclusão em ações para aumentar a inclusão além da contratação se justificam.
“Os cuidados com a saúde mental e o bem-estar são direito de todos e o mercado de trabalho precisa estar preparado para acolher e impedir que o capacitismo continue impactando de forma negativa a saúde mental das pessoas com deficiência e neurodivergentes”, afirma Carolina Ignarra. “O tema saúde mental deve ser tratado com humanidade e acolhimento, de forma a tornar os ambientes corporativos mais seguros e inclusivos.”
Fonte: Assessoria de Comunicação da ABRH-SP (22, setembro de 2025)