O 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no final de julho, traz dados preocupantes sobre violência cometida contra as mulheres. Entre nove modalidades de crimes, com números recordes de feminicídio, estupro e estupro de vulneráveis, dois em especial chamam a atenção: a violência psicológica e os casos de stalking. Desde que passou a integrar a pauta pública, a violência doméstica contra mulheres segue como um dos grandes desafios enfrentados por governos municipais, estaduais e federais, sociedade civil e setores produtivos da economia. O tema foi contemplado na edição recente do Congresso LIFE – Liderança Feminina em Movimento, um dos grandes eventos anuais da ABRH-SP.
Elaborado por pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o anuário se baseia em informações fornecidas por governos estaduais, Tesouro Nacional, polícias Militar e Federal e fontes oficiais da Segurança Pública.
Embora o levantamento aponte diminuição na taxa global de mortes violentas intencionais no Brasil, com queda de 5,4%, as estatísticas de feminicídio atingem novo recorde, com aumento de 0,7% de casos no ano passado em comparação com 2023.
Da mesma forma, casos de violência psicológica merecem atenção. De 48.599 em 2023, os casos subiram para 51.866 no ano passado, correspondendo a um aumento de 6,3%. Roraima, Rio Grande do Sul e São Paulo lideram o ranking de episódios.
O tema foi discutido com relevância na 10ª edição do Congresso LIFE – Liderança Feminina em Movimento, promovido pela ABRH-SP.
A violência psicológica pode ser configurada em atos de humilhação, desvalorização moral ou deboche público, assim como atitudes que abalam a autoestima da vítima. Os reflexos desse tipo de violência são sentidos em todas as esferas de atuação feminina, incluindo a profissional. No ambiente de trabalho, os impactos podem se manifestar na redução da produtividade, no aumento do absenteísmo, nas dificuldades de concentração e no isolamento social, além de propiciarem o desenvolvimento de problemas de saúde mental como depressão e ansiedade.
Outro ponto de atenção revelado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública diz respeito aos casos de perseguição ou stalking. Segundo o levantamento, 10 mulheres foram vítimas de stalkers a cada hora em 2024. O estudo aponta alta de 18,2% de casos de perseguição, passando de 80.017 ocorrências em 2023 para 95.026 no ano passado. O Estado de São Paulo responde por mais de um terço das ocorrências, com 34.094 casos.
O crime de perseguição, ou stalking, passou a ser tipificado com a Lei nº 14.132/2021, que inseriu o artigo 147-A no Código Penal. O artigo considera como conduta ilícita o ato de seguir ou acompanhar uma pessoa de maneira reiterada ou constante, com ameaças à sua integridade física ou psicológica, causando constrangimentos e intimidações que resultem em restrição ou perturbação de sua liberdade ou privacidade.
É importante ressaltar que o stalking é um dos crimes contra as mulheres com alta subnotificação. Isso porque é necessário que a vítima reconheça a atitude como violência e realize a denúncia aos órgãos competentes.
Pela relevância dos temas, associada a índices significativos de aumento de casos de violência psicológica e stalking, a ABRH-SP mantém discussões aprofundadas para que as empresas, diante dessas situações, possam aprimorar as estratégias de gestão de pessoas, intensificando a preocupação com a saúde mental e o bem-estar como prioridade na cultura organizacional.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ABRH-SP (4, agosto de 2025)