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Webinar discutiu a gestão de terceiros sob a ótica da ESG

Assunto de muito interesse na atualidade, principalmente por ter reflexos na reputação das organizações, a gestão de terceiros sob a ótica da ESG inspirou o webinar sobre o tema, que foi realizado na última quarta, em parceria pela ABRH-SP e a Anefac – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. O objetivo do evento foi compartilhar conhecimento com os associados de ambas as entidades sobre a relevância do assunto e o seu alinhamento com as práticas ambientais, sociais e de governança das empresas. 

 

Claudia Meirelles, diretora de Comunicação da ABRH-SP, e Emerson Dias, vice-presidente de Capital Humano da Anefac, fizeram a moderação do debate, com a participação de Robson Roberto, diretor de RH Brasil da Saint-Gobain, que apresentou o case do programa de gestão de terceiros implantado pela empresa; Michel Pipolo, diretor do Negócio Segurança do Grupo GPS, que abordou os desafios e oportunidades do relacionamento entre contratante e contratado; e Andrea Meyer, sócia da Meyer e Guerini Consultoria Jurídica Empresarial, responsável pela abordagem do assunto sob a ótica jurídica. 

 

Case Saint-Gobain

 

Empresa multimarcas com vários negócios, presente em 68 países, a Saint-Gobain conta com 12 mil colaboradores no Brasil, 19 mil na América Latina e mais de 170 mil no mundo, o que já dá uma ideia da complexidade da gestão de terceiros na organização. “Nós tínhamos uma gestão descentralizada. Claro que havia uma política mundial e até local, mas muita coisa era feita pelos próprios negócios”, lembrou Robson.

 

Apesar disso, uma dificuldade relatada por ele era encontrar o dono do negócio, pois havia responsáveis no RH, na manutenção, na segurança do trabalho e até na administração. Outra questão era guardar e conferir a documentação de terceiros. Sempre que acontecia um problema grave de processo na Justiça do Trabalho, alguém perguntava pela documentação.

 

Quando o número de reclamações trabalhistas relacionadas às empresas terceirizadas começou a subir, a saída foi criar um programa de gestão de terceiros. “Nós tivemos o apoio total do nosso CEO e a vice-presidência de RH foi sponsor do programa, que contou ainda com a participação decisiva dos setores de Compras, Jurídico e Informática. O RH ficou como dono, com os diretores de Recursos Humanos de cada um dos negócios como responsáveis locais para garantir o sucesso. Também fizemos um trabalho forte com os diretores gerais para explicar o problema”, destacou Robson.  

 

Os principais pontos do programa, segundo ele, foram: a padronização da forma; o controle sob responsabilidade de cada negócio, sem deixar de ter um controle geral do corporativo; a guarda segura e a disponibilidade da documentação; e acionar o prestador de serviço ainda durante a vigência do contrato – “quando vamos responder a um processo, quase sempre o terceirizado já foi embora da companhia”.

 

Para a implantação do programa, a Saint-Gobain contratou uma empresa especializada, que ajudou na decisão de quais terceiros seriam controlados. “Escolhemos o tipo de empresa que impactava em 90% dos nossos processos trabalhistas, tomando como base 480 contratos no Brasil.” Implantado em dezembro do ano passado, o programa já rendeu seus primeiros frutos: uma redução de 13% no número de processos trabalhistas. “Um sucesso claro”, concluiu Robson. 

 

Desafios e oportunidades

“A Saint-Gobain está de um lado da mesa e nós estamos do outro”, começou dizendo Michel durante a sua participação no webinar. Ele elencou os três desafios mais comuns da relação entre contratante e terceirizada: o momento da contratação, a gestão da operação e a melhoria contínua.

 

Na contratação, a primeira coisa é saber o que a empresa necessita. Depois,  saber quem está contratando. “Temos mais de 115 mil prestadoras de serviços no Brasil, ou seja, como é um mercado pulverizado, você tem de separar o joio do trigo, quais são as empresas sérias, aquelas que conseguem entender um sistema de ESG e têm uma área de governança corporativa com compliance. Além disso, pensar em uma equação custo-benefício que atenda à realidade de 2021. Afinal de contas, a gente vive a era da inclusão digital, da Indústria 4.0.”

 

Em relação à gestão sobre o serviço contratado, é preciso, como explicou Michel, ter um um SLA (Service Level Agreement), que é a ferramenta na qual a empresa contratante diz para a contratada o que ela quer e quais são os indicadores de gestão que deseja acompanhar, em real time, uma vez semana ou uma vez por mês. “No entanto, o SLA é estático, feito no momento da celebração do contrato ou logo após. Por isso, é importante ter um SLM (Service Level Management), que é dinâmico e atende à quantidade de dados que a operação gera.”

 

Já a melhoria contínua é algo a ser buscado nessa relação de longo prazo. “Muita gente contrata, faz o SLA e aperta até o ponto em que o contrato fica insuficiente para uma das partes, geralmente para a terceirizada. É muito importante ter esse crescimento em conjunto, porque o serviço prestado é em prol da empresa que o contratou. Também é fundamental ter indicadores. Sem eles, essa relação não é sustentável. E um dos conceitos que a gente precisa falar é o de sustentabilidade. A relação precisa ser sustentável do ponto de vista ambiental, social, empresarial e financeiro”, completou Michel. 

 

 

Ponto de vista jurídico

Inicialmente, Andrea falou da legislação antes e depois da chamada Lei da Terceirização, de março de 2017. De acordo com ela, além do cumprimento da lei, o trabalho exercido pelos terceiros não pode ter como objetivo redução de custos e aumento da produtividade. “Tão importante quanto isso é o compromisso e a responsabilidade social tanto da empresa que contrata o serviço terceirizado, quanto da empresa que presta o serviço. A contratante tem a obrigação de fiscalizar e checar de que forma a terceirizada atua no mercado em várias frentes, por exemplo, com relação ao respeito pelos empregados e às políticas adotadas. Outro ponto a ser pensado no momento de escolher a terceirizada é verificar a idoneidade e a capacidade econômica para ela cumprir o objetivo de oferecer serviços.”  

 

Na observação de Andrea, uma questão que vem sendo olhada há algum tempo, e vai ficar cada vez mais importante, é com relação aos órgãos fiscalizadores, como o Ministério Público do Trabalho, que estão muito atentos ao cumprimento da legislação de todas as regras, inclusive no que diz respeito à sonegação fiscal, descumprimento de legislação ambiental, legislação fundiária e previdenciária.

 

“Além disso, questões que nos parecem muito pequenas podem, sim, ser equiparadas por esses órgãos à condição análoga a trabalho escravo. Aquele estereótipo de pessoa acorrentada tomou uma dimensão muito maior. Por exemplo, a falta de equipamento de proteção individual pode ser considerada como trabalho análogo à escravidão. Isso é extremamente abrangente e é preciso tomar muito cuidado”, recomendou a advogada. 

 

Princípios da ESG

 

“Muitas vezes, no dia a dia, vai nos faltar a legislação e o tema terá de ser olhado mais por princípios do que necessariamente por regras, porque o comportamento humano é muito mais dinâmico do que a legislação consegue prever e a gente precisa estar imbuído do espírito verdadeiro da ESG para de fato garantir que a nossa reputação não saia manchada”, alertou Emerson no início da sua apresentação, na qual fez um resgate histórico dos princípios da ESG. 

 

No início do capitalismo, após a Revolução Industrial, era sempre uma busca muito expressiva em relação ao retorno do investimento. Nos anos 1930, depois da queda da Bolsa de Valores americana, começou a se observar também o risco envolvido nesses investimentos. No entanto, com o decorrer do tempo, foi se percebendo que, em certas situações, era preciso aumentar o nível de consciência sobre o impacto na sociedade. 

 

O conceito de ESG vem dentro de uma perspectiva que começa muito pequena nos anos 1950/60 e, em 1972, na discussão sobre o clima, em Estocolmo (Suécia), surge como o primeiro movimento para falar de como os negócios impactam o meio ambiente. Tem início, então, uma discussão em torno da sustentabilidade, que ainda não tinha esse nome, mas que dá origem ao hoje chamado capitalismo sustentável. “A ESG surge dessa ideia de pensar que aquilo que trouxe o estado de bem-estar social dos países ricos, a construção do capitalismo, tem um impacto na sociedade que precisa ser levado em conta. Quanto a gente fala de retorno de investimento, é preciso pensar no ambiente e nas pessoas também”, explicou Emerson

 

Segundo ele, o grande marco da ESG foi o livro de John Elkington, Cannibal with Forks, de 1997. Para o autor, o capitalista é um canibal e por isso ele vai comer tudo, inclusive a própria sociedade. No entanto, se aprender a comer de garfo, significa que, como canibal, ele evoluiu. E o garfo é o tripé do People, Profit e Planet, o famoso triple bottom line. O modelo de sustentabilidade que se baseia no pensamento de que tipo de capitalismo queremos para oferecer, além da prosperidade econômica, uma qualidade ambiental e, em certa medida, uma justiça social.”

 

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (03 de Maio de 2021)

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