Desde que as atividades de trabalho passaram, na sua maioria, a não depender mais de tempo e espaço, responder e-mails e mensagens de texto fora do expediente normal, fixado na contratação, tornou-se uma rotina para muitos profissionais, inclusive nos finais de semana.
A questão ganhou destaque no domingo passado no Fantástico. A reportagem do programa (veja no link http://glo.bo/2iavF2b) repercutiu a mudança no código de trabalho francês, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro, segundo a qual o empregado não tem obrigação de receber e enviar e-mails profissionais fora do horário de expediente. A nova lei não estabelece punições para quem as descumprir, mas indica um caminho.
No Brasil, a polêmica lei nº 12.551, san
cionada no final de 2011, apenas equiparou os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão (entenda-se e-mails, torpedos, celular, etc.), para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio, abrindo a possibilidade de que os funcionários que usem, por exemplo, as mensagens instantâneas para trabalhar recebam horas extras por isso.
Para o presidente da ABRH-SP, Theunis Marinho, o aspecto jurídico é apenas um lado de uma questão cultural muita mais complexa: “Trabalhei oito anos e meio como executivo na Alemanha e nesse período todo tínhamos de fazer nossas atividades no horário de expediente, sem exceções dentro da hierarquia. Lembro-me de uma reunião anual com os principais executivos da empresa, no qual um diretor dirigiu-se ao presidente mundial e disse-lhe, num contexto de trabalho, que não tinha como tirar férias naquele ano. O presidente falou ao microfone em bom tom que acabava de conhecer alguém na organização mais importante do que ele próprio: alguém que não podia tirar férias”.
Para Theunis, é preciso lutar para que no Brasil aumente a conscientização do melhor uso do tempo de trabalho, de que trabalhar demais não significa trabalhar melhor. “É inegável que o mundo passa por grandes transformações também nas formas de trabalho. Há aproximadamente duas décadas o chamado horário móvel ou flex-time entrou na moda e simbolizava a modernidade nas relações de trabalho. Na sequência surgiu o home office, muito propagado nos países desenvolvidos, possibilitando que o profissional trabalhasse em casa, por um critério de entrega de tarefas. Assim, conseguia-se utilizar a inteligência laboral existente de forma razoável para empregador e empregado. Apesar de ser um avanço nas relações laborais com mais qualidade de vida, aqui no Brasil, por seguirmos leis trabalhistas jurássicas, a avalanche do home office também entrou, já que seria inevitável, mas não raro travestida de PJ (Pessoa Jurídica), pois a realidade da roda da história tinha que se adaptar ao ‘país do faz de conta’, como era possível.”
Agora, na avaliação de Theunis, estamos à porta de mais uma transformação que é frear o “toda hora é hora”, que faz com que as pessoas fiquem plugadas 24 on-line ao trabalho ou redes sociais, porque a expectativa de estar presente em tudo, pela empresa ou por vontade própria, tornou-se imperativa. Entretanto, para o bem da qualidade de vida pessoal e profissional, já começam a surgir ações como política de estado em alguns países para que tal situação se reverta.
“As empresas que quiserem estar à frente precisam entrar nessa onda e inibir a prática do ‘toda hora é hora’, trocando-a por ‘quando é hora é hora´, acrescentando a política de incluir nos seus códigos de conduta programas de gestão do tempo e eficiência durante o horário normal de trabalho, que na média não deve ultrapassar a jornada de 8 horas nos dias úteis”, afirma Theunis. Como disse, na reportagem do Fantástico, a ministra do Trabalho da França Myriam el Khomri, não se pode acreditar que um funcionário que trabalhe 15 horas por dia será eficaz. O que as empresas têm de buscar é que seus funcionários estejam focados durante o período em que estiverem à disposição dela.
O presidente da ABRH-SP acredita que os profissionais de RH podem liderar as reflexões sobre o tema e se engajar em campanhas nesse sentido. “As pessoas e o país só têm a ganhar com isso: VAMOS TROCAR HORAS POR EFICIÊNCIA!”
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