Embora a sustentabilidade seja vista como relevante na agenda de 86% dos CEOs, existe um gap entre desejo e ação nas organizações. É o que apontou o Sustentômetro, estudo realizado pela consultoria Ideia Sustentável com o objetivo de apresentar o status atual da gestão da sustentabilidade nas empresas brasileiras.
“Hoje o tema influencia mais os valores (81%) do que, por exemplo, as metas dos líderes (64%) e dos colaboradores (58%%), parecendo mais confortável no plano genérico das aspirações e propósitos do que no específico das consecuções e métricas. A inclusão do conceito entre os valores é uma decisão simples que se resume a alterações em textos. Já nos objetivos estratégicos e nas metas, exige decisões de negócio não exatamente triviais que, quase sempre, tendem a ser vistas como desvios de foco, de energia e atenção, especialmente em momentos de crise”, analisa Ricardo Voltolini, diretor-presidente da Ideia Sustentável e diretor de Sustentabilidade da ABRH-Brasil.
O estudo foi realizado entre maio e junho e ouviu 170 profissionais de uma amostragem de 634 empresas selecionadas a partir de um critério básico: a existência de uma área, uma equipe ou, pelo menos, um colaborador responsável pelo tema.
Segundo o Sustentômetro, são raras as empresas que possuem iniciativas estruturadas para além das demandas pontuais – 96% preferem o on the job, isto é, o aprendizado na prática do trabalho. Menos de 30% dispõem de estratégias de reconhecimento de ideias (22%) e de práticas (29%) de colaboradores; 44% abordam o conceito nos programas de integração de novos funcionários; e apenas 22% trabalham o tema nos programas de trainees, indicando ser tímido o preparo de gestores do futuro com uma visão de desenvolvimento sustentável.
O estudo revelou ainda que não mais do que 25% das empresas condicionam a remuneração variável de líderes e colaboradores a resultados ligados ao triple botton line – um indicador do nível de maturidade da cultura de sustentabilidade na organização.
“Migrar do campo das boas intenções para o das realizações, substituindo o uso pontual do tema na gestão por uma cultura de sustentabilidade exigirá que a empresa emita aos seus stakeholders sinais mais consistentes do quanto valoriza o tema. Um deles é, por exemplo, a sua inserção à estratégia”, orienta Voltolini.
Fonte: O Estado de São Paulo, 07 de Setembro de 2017
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