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Liderança feminina na Era Digital

Evento anual da ABRH-SP Baixada Santista, o Fórum de Liderança e Empreendedorismo Feminino teve sua 7ª edição realizada de forma virtual na manhã de 27 de março. Com o tema Liderança Feminina na Era Digital, o evento, que tem como objetivo inspirar mulheres para que elas conquistem os seus sonhos, contou com as participações como palestrantes de Glaucia Barcelos, líder de Talento & Cultura do Sofitel Guarujá Jequitimar, e Renata Bartolotto, gerente de Projetos da Totvs. Beatriz Minte, diretora de Responsabilidade Social da Regional, foi a moderadora.

Entre outros temas, Glaucia falou sobre como as mulheres podem ter mais tempo de fala em reuniões com predominância masculina:

“Nós temos discutido bastante o quanto a pandemia está mais difícil para as mulheres em razão da dupla jornada. Aliar trabalho e filhos continua sendo muito mais difícil para as mulheres do que para os homens. Por isso, é importante trazer a família para a empresa. Se as organizações não entenderem que nós somos integrados, como vamos viver? Estou há muitos anos em RH e gosto de trabalhar com jovens. Principalmente as meninas chegam com muita timidez, muito medo e muita insegurança para trabalhar. A gente precisa, então, criar esse empoderamento, que não é só para as mulheres, vale para todos. Minha dica é uma frase de Ralph Waldo Emerson: “A única pessoa que você está destinado a se tornar é a pessoa que você decide ser”. Se não acreditar em você, quem vai acreditar? Como defender um ponto de vista em uma reunião, se você não acredita ser capaz de defendê-lo?

Sempre questiono o que nós, RHs e gestores de pessoas, estamos fazendo para o acolhimento das mulheres no mercado de trabalho? Há muita coisa boa acontecendo. Alguns exemplos: tratar homens e mulheres com isonomia, com salários e direitos iguais; promover um ambiente adequado à parentalidade, com os mesmos direitos para pais e mães; destruir os vieses inconscientes; tomar consciência, que é o primeiro passo para reconstruir ideias pré-concebidas; fazer um diagnóstico interno (conheça, entenda, pesquise, reconheça) para mudar o patamar; envolver as lideranças e os homens (não tem como praticar nada sem promover a conscientização de todos); e se inspirar nas melhores práticas (se atualize e crie programas de acolhimento).

Tanto nas reuniões off como nas online, precisamos ter a competência de chegar lá, ter o conhecimento daquilo que queremos falar, mas sem perder a essência de mulher. Muitas vezes, as mulheres agem numa reunião como homens, mas o que nos torna importantes é levar a intuição, a sensibilidade, tudo o que temos de melhor por sermos mulheres.

De forma geral, para uma reunião ser produtiva, é preciso saber o propósito dela, ter as metas claras, estar atualizado com as novidades, ser transparente e compartilhar a pauta antecipadamente para que os outros também se preparem. Além disso, é fundamental organizar tudo com antecedência se for online (ver as ferramentas digitais disponíveis) ou offline (preparar e seguir os protocolos de segurança). Uma reunião deve ter início, meio e fim, com participantes relevantes para o tema, pessoas que realmente precisam estar lá, uma pauta (sobre o tema que será discutido, e como será discutido) e o encerramento (o que foi decidido, quem são os responsáveis).

Também é preciso ter coragem, mas no sentido de agir com o coração, de colocar emoção naquilo que está fazendo. Se a gente não se preparar, não vai tocar as pessoas e é preciso ter muita coragem para superar nossos medos e inseguranças. Ser flexível – hoje em dia as pessoas não querem nada muito rígido. Tanto no formato off quanto online, permitir que todos deem opinião. Humanizar as relações – quando a gente usa as ferramentas digitais, não pode esquecer que do outro lado tem uma pessoa carregada de emoções. E, por fim, reconhecer as vulnerabilidades para se abrir a novos aprendizados”.

 

Já Renata falou sobre os desafios da trajetória dela na área de tecnologia:

“Quando entrei na faculdade na década de 1980 foi por inspiração de uma prima formada em Tecnologia. Resolvi, por conselho dela, ir para a área. Com seis meses de faculdade, um professor me convidou para trabalhar na Informática de uma escola renomada de Santos, que estava começando a digitalizar seus processos. Tanto na faculdade como na área de TI da escola, éramos em pouquíssimas mulheres. Nessa época, eu tinha o sonho de ir para São Paulo. Então, um tempo depois, quando fui chamada para uma grande fábrica de impressoras, me mudei para a capital por conta própria. Lá éramos duas mulheres entre 15 pessoas.

Entrei como trainee e, meses depois, com um pouco mais de liberdade questionei o meu gestor sobre quantos candidatos havia para a minha vaga e qual o critério de seleção. Dos 34 concorrentes, eu era a única que não conhecia absolutamente nada – eles queriam alguém sem vícios – e a única mulher. Foi desanimador saber, mas isso me fez refletir sobre muita coisa e entrei de cabeça no trabalho. Ao longo da minha trajetória ali, esse gestor se mostrou um excelente parceiro, tanto que, um tempo depois, me levou para uma empresa de serviços onde ele ia começar a trabalhar. Com 21 anos, me tornei coordenadora de sistemas – um salto enorme.

Chegando ao novo trabalho, a mesma situação: gestor e coordenador homens e eu a única mulher em um grupo de mais ou menos 20 pessoas. Sempre questionava por que não trazer mais mulheres. Quando surgiu a oportunidade de contratarmos duas mulheres, foi muito bom para a equipe. A sabedoria disso tudo é trazer os homens para perto, mostrar que nós também somos capazes e inteligentes a ponto de eles nos questionarem e pedirem ajuda. Tive momentos de baixa nessa empresa, mas nunca desisti.

Depois de um tempo fui para o mercado em busca de um lugar que me desse mais liberdade de expressão e onde pudesse aprender e passar o que eu sabia. Por coincidência, um professor da faculdade me chamou para trabalhar em uma transportadora em Santos. Era um desafio enorme porque eu ia assumir a coordenação de sistemas.

Quando comecei nessa transportadora, havia apenas uma mulher. Nós duas vivemos situações bem críticas, inclusive um gestor que chegou a praticar assédio moral com a gente, mas eu e minha colega conseguimos retirá-lo da posição em que ele estava. Foi uma vitória para nós e a própria equipe também até que mais tarde, quando saí de férias, na minha volta perdi o cargo de coordenadora para um colega. Isso me causou um mal-estar e aí pensei: basta. Não me incomodei por ter voltado a ser analista, mas por não ter tido um diálogo. Fui em busca do porquê e não tive essa resposta. Foi quando um dos fornecedores da empresa notou a minha desmotivação e falou: o dia que você for para o mercado, me procura, porque o seu perfil de tecnologia e logística não tem muito no Brasil.

Com essa “indireta” que recebi, resolvi ir para o mercado trabalhar como consultora, Pessoa Jurídica. Viajei o Brasil inteiro. De todos os mais de 20 clientes com os quais trabalhei, tive apenas uma gerente de TI. Nessa época, muitas mulheres me perguntavam sobre a área e eu respondia: se você gosta vá em frente, apesar dos muitos obstáculos. Na consultoria, conheci uma gerente de uma grande empresa de logística, que, depois de me ver fazer a apresentação para uma concorrência, disse que um dia eu iria trabalhar com ela. Passado um tempo fui mesmo como coordenadora de sistemas logísticos.

Uma equipe de 30 pessoas, ela como gerente, eu como coordenadora, e o restante homens. Juntas, contratamos toda a parte feminina e foi a melhor equipe com a qual trabalhei em termos de união e aceitação da mulher. Por um ano, assumi a gerência de TI e lá o meu crescimento foi ótimo. Quando essa empresa de logística foi vendida, continuei por um período como consultora porque tinha projetos para tocar, mas enviei meu currículo para o mercado até que fui chamada para uma entrevista na Totvs.

Fui para a Totvs com um salário bem menor, mas lá fiz todo o meu crescimento. Tenho muito orgulho da minha história na empresa. Quando olho onde comecei e onde eu estou, hoje sou muito feliz. Amo o que eu faço e falo de coração aberto para as pessoas: a gente tem de amar muito o que faz e, quando não estiver satisfeita, veja o que quer fazer e siga em frente.”

 

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (05 de Abril de 2021)

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