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O que você faz para não adoecer?

 

Você provavelmente já ouviu falar que a busca constante da felicidade pode, ironicamente, ser um dos fatores que nos adoecem. Em um mundo onde a pressão por produtividade e a paranoia da performance são mais evidentes do que nunca, é crucial entender como isso afeta nossa saúde e bem-estar mental. Este foi o tema que desenvolvemos no Grupo de Estudos Saúde, Bem-estar e Felicidade nas Organizações, onde exploramos como as estruturas sociais de poder, a falta de planejamento, a tecnologia e a pressão por produtividade no home office podem prejudicar nosso equilíbrio emocional, e como as empresas podem adotar ações para contrabalançar esses efeitos.

Pressão e Produtividade: Inimigos da Felicidade

A busca incessante por altos níveis de produtividade e sucesso muitas vezes nos leva a viver em um estado de ansiedade constante. Acreditamos que, ao alcançar metas cada vez mais ambiciosas, encontraremos a felicidade. No entanto, a capacidade de prever como nos sentiremos no futuro é falha. Os livros de Daniel Kahneman ou de Daniel Gilbert nos mostram que superestimamos a importância da conquista de objetivos em nossa felicidade futura.

As estruturas sociais de poder desempenham um papel fundamental nesse processo. Quando as empresas promovem uma cultura de competição desenfreada e recompensam apenas o desempenho excepcional, isso pode criar um ambiente tóxico. A necessidade de impressionar os superiores e colegas frequentemente resulta em sobrecarga de trabalho, deixando os funcionários exaustos, ansiosos e insatisfeitos.

Impacto do Home Office na Saúde Mental

A pandemia acelerou a mudança para o home office, e com ela veio a chamada "paranoia da produtividade." Muitos trabalhadores se sentem constantemente observados e pressionados para demonstrar sua produtividade, o que pode prejudicar significativamente a qualidade de vida. A falta de estrutura, o desafio de separar vida pessoal e profissional e a dependência excessiva da tecnologia podem ser prejudiciais para a saúde mental.

Estudos mostram como a tecnologia pode ser usada para promover comportamentos mais saudáveis e equilibrados. No entanto, a tecnologia também pode ser uma armadilha quando usada de forma compulsiva ou quando nos força a manter um ritmo de trabalho constante.

Planejamento e Felicidade

A falta de planejamento é outra armadilha que nos afasta da felicidade. Sem objetivos claros e um plano bem definido, é fácil ficar à deriva, trabalhando arduamente sem rumo. Isso não só afeta nossa saúde mental, mas também a qualidade de vida.

Barbara Fredrickson e outros pesquisadores exploram como as emoções positivas podem ampliar nossa atenção e repertório de pensamentos e ações. Ter um planejamento estratégico e metas realistas ajuda a manter um foco saudável, permitindo que as pessoas desfrutem de momentos de alegria e sucesso enquanto buscam seus objetivos.

O papel das Empresas na Promoção do Bem-estar

As empresas têm um papel vital na promoção do bem-estar de seus funcionários. Em vez de incentivar uma cultura de competição e super produtividade, elas podem adotar uma abordagem mais holística. Isso inclui:

  1. Promover a saúde mental: Oferecer apoio psicológico, treinamento em gerenciamento de estresse e programas de bem-estar emocional.
  2. Definir metas realistas: Encorajar metas alcançáveis e um planejamento estratégico que leve em consideração o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
  3. Flexibilidade no trabalho: Permitir horários de trabalho flexíveis e um equilíbrio saudável entre tempo de trabalho e tempo pessoal.
  4. Limitar a tecnologia: Estabelecer diretrizes sobre o uso de dispositivos e comunicações fora do horário de trabalho.
  5. Promoção de um ambiente colaborativo: Fomentar uma cultura de apoio e colaboração em vez de competição feroz.

Em um mundo onde a busca constante da felicidade pode se tornar um fator de adoecimento, é fundamental que as empresas desempenhem um papel ativo na promoção do bem-estar de seus funcionários. Com estratégias eficazes, é possível equilibrar a pressão por produtividade, a paranoia da performance no home office e a busca pela felicidade genuína, permitindo que todos vivam vidas mais saudáveis e satisfatórias.

 

Artigo escrito por José Roberto Falcone e Roseli Falcone Ramos, participantes do Grupo de Estudos "Saúde, Bem-estar e Felicidade nas Organizações" da ABRH-SP.

 

São Paulo, 08 de Janeiro de 2024

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