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Andragogia e Grupos de Estudos

No mundo atual em que vivemos é um grande desafio direcionar a atenção de um adulto para o aprendizado. Os estímulos externos são múltiplos e atrativos, o que gera uma competição e a necessidade de fazer escolhas e ter determinação para manter o foco. Diante desse cenário, torna-se ainda mais relevante que a educação de adultos seja tratada como tal, não bastando repetir os modelos da pedagogia que foi – em princípio – desenvolvida para educar crianças e adolescentes. A andragogia é uma disciplina voltada para a aprendizagem de adultos. Ficou conhecida por meio do educador americano Malcolm Shepherd Knowles, na década de 1970. Ele a definiu como “arte ou ciência de orientar adultos a aprender”. Vamos diferenciar dois conceitos importantes: Aprendizagem: termo que coloca a pessoa como protagonista – é ela que aprende. A aprendizagem é uma ação pela qual a pessoa provoca mudanças, adquire conhecimentos, habilidades e novas atitudes. Ensino: esse termo destaca o educador como centro da transmissão de conhecimentos. Ele é o agente da mudança, que apresenta estímulos para que o outro aprenda. Como já dito acima, a andragogia direciona sua atenção para a aprendizagem do adulto. Como o adulto aprende e o que pode facilitar esse aprendizado são aspectos importantes desse enfoque. Princípios da andragogia segundo Knowles, Holton e Swanson:
  • O adulto tem a necessidade de saber o quê, como e o porquê aprender;
  • O aprendiz adulto é autônomo e autodirigido;
  • A experiência anterior do aprendiz é um recurso para a aprendizagem;
  • A prontidão para aprender está relacionada às necessidades da vida e do desenvolvimento;
  • Os problemas contextuais do adulto é que orientam a aprendizagem;
  • No adulto, o valor intrínseco do aprendizado é uma motivação para aprender.
Podemos concluir que a aprendizagem do adulto é mais um processo de investigação e elaboração mental do que uma recepção passiva de conteúdos transmitidos por um professor. Grupos de Estudos – lugar propício para o adulto aprender Como na educação de adultos a responsabilidade pelo aprendizado é compartilhada, e esse é um fator para o sucesso do desenvolvimento e crescimento no aprendizado, o Grupo de Estudos acaba se tornando um ambiente propício, onde o espaço pode se tornar fértil para a investigação e elaboração de conhecimento. Podemos definir Grupo de Estudos como um conjunto de pessoas que se reúnem com regularidade para discutir, aprofundar, aprender e até gerar novos conhecimentos/conteúdo sobre um determinado tema de interesse. A participação em um Grupo de Estudos deve ser espontânea e a vontade de compartilhar e se dedicar verdadeira. A figura de um facilitador pode ajudar o grupo em termos de organização e identificação de possibilidades de ações de aprendizagem. Um Grupo de Estudos não necessariamente adota princípios andragógicos. Pode ter um modelo voltado para o ensino, em que um especialista em um tema vai direcionar a transmissão do conhecimento aos participantes. Por outro lado, num Grupo de Estudos podemos trabalhar com facilidade um modelo andragógico no qual o próprio grupo participa e colabora com a aprendizagem. No caso do Grupo de Estudos andragógico, os temas de estudos se adaptam aos participantes e não ao contrário. O próprio grupo vai escolher o que será estudado e nesse modelo as experiências do participante são tão importantes quanto a do facilitador, que é chamado assim justamente por ter um papel diferente do professor. O facilitador, como o próprio nome diz, facilita o aprendizado sugerindo técnicas, recursos e fazendo intervenções que contribuam para o progresso do estudo do grupo. Técnicas para envolver o aprendiz adulto com a investigação e consequente elaboração Para que a aprendizagem aconteça, os aprendizes precisam ter interesse e uma postura ativa durante os momentos de aprendizagem, portanto as estratégias procuram incentivar o protagonismo. Estudos de caso: trabalhar os temas de interesse por meio de situações trazidas pelos próprios aprendizes. Casos esses que precisem de uma solução e que os aprendizes possam investigar e buscar encaminhamentos. Dilemas: o facilitador ou membro do grupo propõe um dilema e juntos reúnem suas ideias e experiência em busca de uma resposta ou solução. A criação de técnicas e recursos que contribuam para que o aprendizado seja ativo e com propósito é uma das responsabilidades do facilitador na aprendizagem de adultos. Essas técnicas devem atender à amplitude de diferenças individuais entre os adultos e também aproveitar as experiências preexistente. Transmitir conhecimento ou facilitar o aprendizado O objetivo da facilitação é oferecer mecanismos e metodologias que ofereçam suporte para que todos os participantes de um Grupo de Estudos contribuam com o que possuem de melhor a fim de que os objetivos sejam alcançados. A facilitação procura despertar atitudes favoráveis ao aprendizado, como criatividade, compartilhamento, “empoderamento” e iniciativa. O sucesso de um processo de facilitação depende de três aspectos:
  • Preparação do facilitador;
  • Ambiente em que o grupo está inserido, favorável;
  • Postura de abertura e interesse dos participantes do grupo.
Cada um desses fatores é fundamental para que o grupo funcione por meio do processo de facilitação. O facilitador de grupos tem o papel de assistente metodológico. Sua experiência em trabalhos com grupos é disponibilizada para criar um ambiente propício à expressão espontânea de ideias, comunicação fluida e cooperação. Uma característica que se mostra importante na personalidade do facilitador de Grupo de Estudos adultos é a humildade, ou seja, não se sentir como o dono da verdade ou aquele que detém o conhecimento e pode transmiti-lo. Ótimo funcionamento de um Grupo de Estudos andragógico Para que um Grupo de Estudos andragógico tenha um bom funcionamento alguns critérios são importantes, segundo D.W. Johnson e R.T. Johnson: Dependência positiva: para que os resultados de aprendizagem sejam alcançados, os participantes dependem uns dos outros, pois sem a colaboração de todos o grupo não vai avançar. Responsabilidade individual: cada um precisa fazer a sua parte e cumprir com o que for combinado no grupo. Habilidades sociais: estabelecer vínculos e parceria com os demais participantes é um pré-requisito para o bom funcionamento do grupo. Interação construtiva: a interação, colaboração e construção de um espaço em que as discordâncias podem emergir acaba contribuindo para que o grupo tenha um ambiente positivo. Por fim, vale lembrar Paulo Freire: “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 06 de Janeiro de 2019.

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