Lemos um artigo do ICI – Integrated Coaching Institute – que nos remete mais uma vez a refletirmos o porquê sair da zona de conforto é tão desagradável para a maioria das pessoas, mesmo sendo uma necessidade para que sobrevivamos a nós mesmos e às dificuldades do caminho. Assim, quando perguntamos às pessoas o que elas mais buscam na vida, a maioria das respostas é sobre ter estabilidade, segurança. Isso é o que a maioria de nós deseja.
Mesmo sem saber ainda como fazer, ou qual a melhor maneira de chegar onde queremos, ficar parado não é uma possibilidade se queremos chegar em algum lugar. Parece óbvio, contudo, quantas vezes deixamos as coisas pra depois?
Quantas vezes queremos apenas ficar quietos especialmente quando fica tudo muito estressante, e até pensamos em sumir? Quantas vezes o mundo lá fora, em forma de situações desconfortáveis, nos convida a nos superarmos?
Independente do estímulo ser externo ou ser interno, todos eles são faíscas, são sinais, indicadores de que algo que precisa ser feito, não está sendo feito por nós mesmos.
É preciso ir para o enfrentamento das muitas crenças limitantes que trazemos para que a vitória não seja apenas um desejo, mas sim uma construção pensada, refletida e planejada para evitar sobressaltos; mas antes, para enfrentá-los com equilíbrio entendendo que, com medo de passar medo, na tentativa de nos proteger do pior, criamos situações catastróficas porque (conscientes ou não) acreditamos que assim teremos controle de algo, e essa sensação mínima de poder controlar a vida, nos faz muitas vezes mais conservadores na hora de decidir, por exemplo, manter uma situação ruim, só para não precisar mexer e talvez piorar. É não querer abrir mão do controle de uma certeza mesmo que ruim, por qualquer incerteza (mesmo havendo possibilidades de melhorias).
“Nessas horas esquecemos de um pequeno detalhe: a vida é movimento e tem sua própria evolução natural. Fazemos parte de uma natureza que busca iluminação e evolução. Mudança é o natural.”
Já que mudar é um fato, inevitável, independente da sua vontade, você prefere ser empurrado ou prefere escolher para onde ir? Por mais que a gente resista bravamente às mudanças, elas irão acontecer como fluxo natural da vida nos desafiando, e nos convidando a sair da inércia. Aqueles nossos medos são os maiores obstáculos para isso acontecer dentro de nós mesmos.
Não falo daquele medo saudável que nos protege de riscos reais. Falo sobre uma overdose de medo que permitimos nos dominar com situações fantasiosas ou exageradas, que apenas nos deixam mais irracionais, mais ansiosos, brigando com tudo e todos; ou fugindo da vida para esperar o caos passar; ou simplesmente congelando. Essa é também uma forma de participar, ao permitir que outros decidam por você.
Com o medo dominando chegamos ao extremo de preferir ouvir “mentiras fofas” do que “duras verdades”, e não apenas nos enganamos, como nos agarramos nessas “histórias” como se fossem certezas absolutas, e “ai” de quem ousar contestar essas “verdades absolutas”. Brigamos com unhas e dentes para defender aquele ‘sonho’, aquela gotinha de esperança nesse mar de incertezas.
É um fenômeno similar a pessoas que estão desidratadas no meio de um deserto e começam a ter alucinações: na imagem de ser uma água bem fresquinha, comem areia na intenção de hidratar seu corpo em profundo stress, mas apenas acaba ainda mais desidratada.
Quando chegamos nesse ponto queremos tanto parar tudo, que até a nossa respiração fica curta. Sem perceber nos privamos até nosso próprio oxigênio, e muitas vezes precisamos literalmente de um pronto-socorro para acordar desse transe, e recomeçar do básico: respirar! Situação bem diferente de quando estamos mais confiantes, sãos, com a respiração mais profunda e as células devidamente oxigenadas.
Conseguimos ter discernimento para ponderar os fatos, possibilidades, e enfrentar a realidade independente de quão assustadora possa parecer a princípio. Assim, conquistamos o equilíbrio entre um passo e outro, em movimento. É na superação contínua e consistente que fazemos a jornada valer a pena. O convite está lançado.
Quem topa o desafio?
Paula De Carvalho Guimarães, Coach formada pelo ICI – Integrated Coaching Institute. MBA Internacional na University of Tampa em Liderança e Empreendedorismo, MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV. Palestrante, consultora da Conexão Treinamento & Desenvolvimento e associada ABRH SP Regional Vale do Paraíba.